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Vol. 8. Issue 5.
Pages 481-483 (September - October 2002)
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Vol. 8. Issue 5.
Pages 481-483 (September - October 2002)
AS NOSSAS LEITURAS
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Doença intersticial pulmonar em doentes com artrite reumatóide: comparação com a alveolite fibrosante criptogénica
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B.A. Rajasekaran, D. Shoulin, P. Lord, C.A. Kelly
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RESUMO

Os autores efectuaram um estudo prospectivo longitudinal com o objectivo de comparar a história natural da alveolite fibrosante criptogénica (AFC) com a doença do interstício pulmonar (DIP) relacionada com a artrite reumatóide (AR).

Seleccionaram 1 grupo de 18 doentes com AFC e um grupo de 18 doentes com AR e doença do interstício pulmonar. Ambos os grupos apresentavam idade, sexo e duração da doença semelhantes, tendo todos os doentes sido submetidos a uma avaliação clínica, estudo funcional respiratório e TAC torácica de alta resolução.

Os resultados revelaram que, em termos clínicos, a dispneia apresentava uma evolução média de 30 meses até ao diagnóstico nos 2 grupos, sendo mais frequente o hipocratismo digital nos doentes apenas com AFC. A presença de Factor Reumatóide foi superior nos doentes com AR e, segundo estes autores, estava relacionada com um pior prognóstico a nível articular mas parecia ser um factor protector contra a fibrose pulmonar neste grupo.

A nível de estudo funcional respiratório, os resultados foram praticamente sobreponíveis quer a nível do VEMS, capacidade vital e capacidade de difusão (DLCO) nos 2 grupos de doentes.

Radiologicamente, nos doentes com artrite reumatóide, a TAC revelou uma maior percentagem de alveolite (vidro despolido em 4 casos), tendo os restantes 14 doentes fibrose pulmonar estabelecida, tal como no outro grupo estudado. Os doentes com AR apresentavam ainda uma distribuição mais periférica das lesões pulmonares, ao contrário dos outros doentes, em que predominavam as alterações basais.

Uma diminuição mais acentuada da DLCO correlacionou-se com a existência de fibrose em favo na TAC em ambos os grupos.

COMENTÁRIO

A alveolite fibrosante criptogénica, sinónimo de fibrose pulmonar idiopática, possui um mau prognóstico, com uma sobrevida média aos 5 anos após o diagnóstico de cerca de 50%, e aos 10 anos de aproximadamente 20%.

A incidência de doença do interstício na AR estava estimada em 5%, contudo a TAC torácica de alta resolução veio a revelar uma prevalência superior a 20%, apresentando nas conectivopatias uma boa correlação com a biópsia pulmonar cirúrgica.

A história natural da fibrose na AR não está bem definida, existindo alguns estudos que sugerem um melhor prognóstico em relação às fibroses idiopáticas.

Neste estudo não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas do ponto de vista clínico ou funcional respiratório, sendo porém mais frequente o hipocratismo digital em doentes com fibrose pulmonar sem AR, o que está de acordo com outras séries. Nenhum doente com AR nesta série tinha sido medicado com metotrexato, excluindo-se assim este factor de risco de fibrose apontado noutros estudos.

A distribuição mais periférica das lesões intersticiais observada na TAC parece influenciar positivamente o prognóstico da doença. Não são conhecidas diferenças histológicas ou funcionais respiratórias que caracterizem as fibroses pulmonares idiopáticas ou associadas a conectivopatias. Contudo, a progressão da DIP na esclerodermia é seguramente mais lenta do que nas AFC e parece estar a surgir a mesma evidência em relação à AR, faltando ainda estudos que o confirmem com rigor.

O eventual efeito protector de fibrose pulmonar atribuído ao Factor Reumatóide na AR é contrariado noutros trabalhos em que se verificou exactamente o contrário. Também este estudo não distingue as DIP na AR em pneumonite intersticial usual (UIP) e não específica (NSIP) que, como se sabe, tem prognósticos diferentes mesmo nas conectivopatias. Salienta-se que a prevalência e prognóstico das UIP e NSIP nas conectivites permanece por definir.

Palavras-chave:
artrite reumatóide
alveolite fibrosante criptogénica
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