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Vol. 13. Issue 6.
Pages 888-890 (November - December 2007)
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Rastreio com tomografia computorizada e resultados no cancro do pulmão
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P. Bach, J. Jett, U. Pastorino, M. Tockman, S. Swensen, C. Begg, Maria de Lurdes Carvalho
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Resumo

Estima-se que o cancro do pulmão contribui em cerca de 6% para todas as causas de mortalidade anual, segundo dados estatísticos americanos1.

A procura de um método de rastreio eficaz nos indivíduos de alto risco faz assim todo o sentido.

Estudos prévios randomizados utilizando a radiografia de tórax no rastreio do cancro do pulmão não apoiam a utilização deste exame, dado que, apesar da detecção adicional de tumores ressecáveis e potencialmente curados, não reduziu o número de casos em estádio avançado nem a mortalidade por cancro do pulmão2.

A tomografia computorizada (TC) de baixa dose permite uma imagem de baixa resolução de todo o tórax obtida numa única inspiração com baixa exposição a radiação. O entusiasmo crescente desta técnica como método de rastreio justifica vários estudos observacionais já efectuados e a existência de estudos randomizados e controlados em curso; contudo, o rastreio por TC assenta nas mesmas premissas de imagem da radiografia de tórax.

A controvérsia entre a eficácia na detecção precoce e cura de estádios iniciais mas a não eficácia na redução do número de casos em estádio avançado e da mortalidade conduz a opiniões opostas quanto à proposta clínica da TC no despiste de cancro do pulmão nos indivíduos em risco.

O presente estudo longitudinal foi efectuado em três centros, dois nos EUA e um em Itália, e propôs-se comparar o número esperado com o número observado de novos casos de cancro do pulmão; de casos com indicação para terapêutica cirúrgica; de casos diagnosticados em estádio avançado e de mortalidade.

O estudo avaliou 3246 indivíduos assintomáticos com idades compreendidas entre os 50 e 80 anos, fumadores ou ex-fumadores, submetendo-os a TC anual e abordagem diagnóstica e terapêutica nos casos de detecção de nódulos. A duração média dos três estudos foi de 3,9 anos.

Os resultados encontrados foram comparados com modelo previamente validado para indivíduos de risco com idade entre os 50 e 80 anos, fumadores durante 25–60 anos com média de 10 a 60 cigarros por dia e com hábitos tabágicos actuais ou nos últimos 20 anos. Os dados combinados dos três grupos estudados revelaram:

  • O diagnóstico de novos casos de cancro do pulmão foi superior ao que seria de esperar na ausência de rastreio – 144 casos contra 44,5 esperados.

  • O número de cirurgias efectuadas foi também muito superior ao esperado – 109 casos contra 10,9 esperados.

  • A detecção precoce de cancro do pulmão não reduziu o número de casos diagnosticados em estádio avançado – 42 casos contra 33,4 esperados.

  • A mortalidade por cancro do pulmão também não foi inferior nos casos submetidos a rastreio – 38 casos contra 38,8 esperados.

O rastreio com TC de baixa dose aumentou o número de casos diagnosticados de cancro do pulmão, e consequente terapêutica cirúrgica. Contudo, o mesmo rastreio não diminuiu o risco de diagnóstico em estádio avançado ou de morte por cancro do pulmão. É esta a conclusão dos autores, que aconselham que, até dados mais conclusivos de estudos randomizados em curso, os indivíduos de risco mas assintomáticos não têm indicação para ser submetidos a rastreio.

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Bibliografia
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[2.]
P. Bach, et al.
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CHEST, 123 (2003), pp. 72s-82s
[3.]
C. Henschke, et al.
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N Engl J Med, 355 (2006), pp. 1763-1771
[4.]
T. Lee, et al.
Direct-to-consumer marketing of high-technology screening tests.
N Engl J Med, 346 (2002), pp. 529-531
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